Assunção de Nossa Senhora, a Mãe de Deus
Papa
Pio XII em 1950 através da Constituição Apostólica Munificentissimus Deus nos
diz:
41. Considerando que a Igreja
universal - que é assistida pelo Espírito de verdade, que a dirige
infalivelmente para o conhecimento das verdades reveladas - no decurso dos
séculos manifestou de tantas formas a sua fé; considerando que os bispos de todo
o mundo quase unanimemente pedem que seja definida como dogma de fé divina e
católica a verdade da assunção corpórea da santíssima Virgem ao céu;
considerando que esta verdade se funda na Sagrada Escritura, está profundamente
gravada na alma dos fiéis, e desde tempos antiquíssimos é comprovada pelo culto
litúrgico, e concorda, inteiramente, com as outras verdades reveladas, e tem
sido esplendidamente explicada e declarada pelos estudos, sabedoria e prudência
dos teólogos - julgamos chegado o momento estabelecido pela providência de
Deus, para proclamarmos solenemente este privilégio insigne da virgem Maria.
(42). Nós, que colocamos o nosso pontificado sob o especial patrocínio da
santíssima Virgem, à qual recorremos em tantas circunstâncias tristes, nós, que
consagramos publicamente todo o gênero humano ao seu imaculado Coração, e que
experimentamos muitas vezes o seu poderoso patrocínio, confiamos firmemente que
esta solene proclamação e definição será de grande proveito para a humanidade
inteira, porque reverte em glória da Santíssima Trindade, a qual a virgem Mãe
de Deus está ligada com laços muito especiais. É de esperar também que todos os
fiéis cresçam em amor para com a Mãe celeste, e que os corações de todos os que
se gloriam do nome de cristãos se movam a desejar a união com o corpo místico
de Jesus Cristo, e que aumentem no amor para com aquela que tem amor de Mãe
para com os membros do mesmo augusto corpo. E também é lícito esperar que, ao
meditarem nos exemplos gloriosos de Maria, mais e mais se persuadam todos do
valor da vida humana, se for consagrada ao cumprimento integral da vontade do
Pai celeste e a procurar o bem do próximo. Enquanto o materialismo e a
corrupção de costumes que dele se origina ameaçam subverter a luz da virtude, e
destruir vidas humanas, suscitando guerras, é de esperar ainda que este
luminoso e incomparável exemplo, posto diante dos olhos de todos, mostre com
plena luz qual o fim a que se destinam a nossa alma e o nosso corpo. E,
finalmente, esperamos que a fé na assunção corpórea de Maria ao céu torne mais
firme e operativa a fé na nossa própria ressurreição.
43.
E é para nós motivo de imenso regozijo que este fato, por providência de Deus,
se realize neste Ano santo que está a decorrer, e que assim possamos, enquanto
se celebra este jubileu maior, adornar com esta pedra preciosa a fronte da
Virgem santíssima, e deixar um monumento, mais perene que o bronze, da nossa
ardente devoção para com a Mãe de Deus.Definição solene do dogma
44. "Pelo que, depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a paz do Espírito de verdade, para glória de Deus onipotente que à virgem Maria concedeu a sua especial benevolência, para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória da sua augusta mãe, e para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos s. Pedro e s. Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial".
45. Pelo que, se alguém, o que Deus não permita, ousar, voluntariamente, negar ou pôr em dúvida esta nossa definição, saiba que naufraga na fé divina e católica.
46. Para que chegue ao conhecimento de toda a Igreja esta nossa definição da assunção corpórea da virgem Maria ao céu, queremos que se conservem esta carta para perpétua memória; mandamos também que, aos seus transuntos ou cópias, mesmo impressas, desde que sejam subscritas pela mão de algum notário público, e munidas com o selo de alguma pessoa constituída em dignidade eclesiástica, se lhes dê o mesmo crédito que à presente, se fosse apresentada e mostrada.
47. A ninguém, pois, seja lícito infringir esta nossa declaração, proclamação e definição, ou temerariamente opor-se-lhe e contrariá-la. Se alguém presumir intentá-lo, saiba que incorre na indignação de Deus onipotente e dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo.
Dado em Roma, junto de São Pedro, no ano do jubileu maior, de 1950, no dia 1 ° de novembro, festa de todos os santos, no ano XII do nosso pontificado.
Eu PIO, Bispo da Igreja Católica assim definindo, subscrevi.
Dom
Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
No final de sua vida, no que a tradição chama de “dormição” de
Nossa Senhora, contemplamos o dogma que: a Assunção
de Maria. Ela foi levada ao céu após a sua peregrinação terrestre, onde
levou a vida acolhendo a vontade do Pai, dizendo “sim” a Deus, mas também entre cuidados, angústias e sofrimentos.
Por isso, segundo a profecia do santo velho Simeão, uma espada de dor lhe
traspassou o coração, junto da cruz do seu divino Filho e nosso Redentor. Com a
Assunção, se crê que o seu sagrado corpo não sofreu a corrupção do sepulcro,
nem foi reduzido às cinzas aquele tabernáculo do Verbo Divino. Pelo contrário,
os fiéis iluminados pela graça e abrasados de amor para com aquela que é Mãe de
Deus e nossa Mãe dulcíssima, compreenderam, cada vez com maior clareza, a
maravilhosa harmonia existente entre os privilégios concedidos por Deus àquela
que o mesmo Deus quis associar ao nosso Redentor. Esses privilégios elevaram-na
a uma altura tão grande que não foi atingida por nenhum ser criado, excetuada
somente a natureza humana de Cristo.
São João Damasceno, que entre todos se distingue como pregoeiro
dessa grande tradição – que por motivações pastorais no Brasil é transferida
para o primeiro domingo após o dia 15 de agosto –, ao comparar a assunção gloriosa
da Mãe de Deus com as suas outras prerrogativas e privilégios, exclama com
veemente eloquência: "Convinha que aquela que no parto manteve ilibada
virgindade, conservasse o corpo incorrupto mesmo depois da morte. Convinha que
aquela que trouxe no seio o Criador encarnado, habitasse entre os divinos
tabernáculos. Convinha que morasse no tálamo celestial aquela que o Eterno Pai
desposara. Convinha que aquela que viu o seu Filho na cruz, com o coração
traspassado por uma espada de dor, de que tinha sido imune no parto,
contemplasse assentada à direita do Pai. Convinha que a Mãe de Deus possuísse o
que era do Filho, e que fosse venerada por todas as criaturas como Mãe e Serva
do mesmo Deus".
O Catecismo da Igreja Católica explica que "a Assunção da
Santíssima Virgem constitui uma participação singular na Ressurreição do seu
Filho, e uma antecipação da Ressurreição dos demais cristãos" (966).A
Assunção de Maria ocorre imediatamente depois de terminar a sua vida mortal e
não pode ser situada no fim dos tempos, como sucederá com todos os homens, mas
tem de considerar-se como um evento que já ocorreu. Ensina que a Virgem, ao
terminar a sua vida nesse mundo, foi elevada ao céu em corpo e alma, com todas
as qualidades e dons próprios da alma dos bem-aventurados, e com todas as
qualidades e dotes próprios dos corpos gloriosos. Trata-se, pois, da
glorificação de Maria, na sua alma e no seu corpo, quer a incorruptibilidade e a
imortalidade lhe tenha sido concedidas sem morte prévia, quer depois da morte,
mediante a ressurreição.
O dogma da Assunção nos dá uma certeza: Maria Santíssima já
alcançou a realização final. Tornou-se, assim, um sinal para a Igreja que,
olhando para ela, crê com renovada convicção nos cumprimentos das promessas de
Deus. Também nós somos chamados a estar, um dia, com a Santíssima Trindade.
Olhando para o que Deus já realizou em Maria, os cristãos animam-se a lutar
contra o pecado e a construir um mundo justo e solidário para participar, um
dia, do Reino definitivo.
Uma mulher já participa da glória que está reservada à humanidade. Nasce, para nós, um desafio: lutar em favor das mulheres que, humilhadas, não têm podido deixar transparecer sua grande vocação. Em Maria, a dignidade da mulher é reconhecida pelo Criador. Quanto nosso mundo precisa caminhar e progredir para chegar a esse mesmo reconhecimento!
A Solenidade da Assunção de Nossa Senhora demonstra a delicadeza de Deus em preservar a Virgem Santíssima da corrupção do pecado original – seu corpo é elevado ao céu! Daí vem a dignidade do corpo humano, da vida humana. É para o cristão também um olhar para o seu destino final.
Uma mulher já participa da glória que está reservada à humanidade. Nasce, para nós, um desafio: lutar em favor das mulheres que, humilhadas, não têm podido deixar transparecer sua grande vocação. Em Maria, a dignidade da mulher é reconhecida pelo Criador. Quanto nosso mundo precisa caminhar e progredir para chegar a esse mesmo reconhecimento!
A Solenidade da Assunção de Nossa Senhora demonstra a delicadeza de Deus em preservar a Virgem Santíssima da corrupção do pecado original – seu corpo é elevado ao céu! Daí vem a dignidade do corpo humano, da vida humana. É para o cristão também um olhar para o seu destino final.
Neste tempo de tantas mudanças é importante que nos elevemos com
Maria. Infelizmente, uma lei aprovada procurando coibir com toda a justiça a
violência contra a mulher trouxe consigo outra grande violência: contra a vida.
Nesse sentido, ao olhar para a Assunção de Maria nós pedimos a Deus que nos
faça testemunhas do Ressuscitado em meio a tantos e complexos problemas que
aparecem a cada momento. Urge nunca perder de vista a direção e fazer de tudo
para que hoje, escutando a voz do Senhor, caminhemos procurando fazer Sua
vontade.
Nossa Senhora da Assunção rogai por nós,
Oração a
Nossa Senhora da Assunção.
Ó dulcíssima soberana, rainha
dos Anjos,
bem sabemos que, miseráveis pecadores,
não éramos dignos de vos possuir neste vale de lágrimas,
mas sabemos que a vossa grandeza
não vos faz esquecer a nossa miséria e,
no meio de tanta glória, a vossa compaixão, longe de diminuir,
aumenta cada vez mais para conosco.
Do alto desse trono em que reinais
sobre todos os anjos e santos,
volvei para nós os vossos olhos misericordiosos;
vede a quantas tempestades e mil perigos
estaremos, sem cessar,
expostos até o fim de nossa vida.
Pelos merecimentos de vossa bendita morte,
obtende-nos o aumento da fé,
da confiança e da santa perseverança
na amizade de Deus, para que possamos, um dia,
ir beijar os vossos pés e unir as nossas vozes
às dos espíritos celestes,
para louvar e cantar as vossas glórias eternamente no céu.
Assim seja!
bem sabemos que, miseráveis pecadores,
não éramos dignos de vos possuir neste vale de lágrimas,
mas sabemos que a vossa grandeza
não vos faz esquecer a nossa miséria e,
no meio de tanta glória, a vossa compaixão, longe de diminuir,
aumenta cada vez mais para conosco.
Do alto desse trono em que reinais
sobre todos os anjos e santos,
volvei para nós os vossos olhos misericordiosos;
vede a quantas tempestades e mil perigos
estaremos, sem cessar,
expostos até o fim de nossa vida.
Pelos merecimentos de vossa bendita morte,
obtende-nos o aumento da fé,
da confiança e da santa perseverança
na amizade de Deus, para que possamos, um dia,
ir beijar os vossos pés e unir as nossas vozes
às dos espíritos celestes,
para louvar e cantar as vossas glórias eternamente no céu.
Assim seja!