TRÍDUO A NOSSA SENHORA DA ANUNCIAÇÃO.
SEGUNDO DIA:
A VIRGINDADE PERPÉTUA.
Desde
as primeiras formulações da fé, a Igreja confessou que Jesus foi concebido
exclusivamente pelo poder do Espírito Santo no seio da Virgem Maria, afirmando
também o aspecto corporal deste evento. Os relatos evangélicos explicam a
Conceição Virginal como uma obra divina que ultrapassa toda compreensão e toda
possibilidade humanas. Os primeiros intérpretes da Palavra viram na Conceição
Virginal o sinal de que verdadeiramente o FILHO DE Deus veio a uma humanidade
como a nossa. E o dogma realmente nos faz compreender que Maria é
verdadeiramente Mãe de Deus, visto ser Mãe do Filho eterno de Deus feito homem
sem deixar de ser Deus. Além disso, nos
faz compreender a Maternidade espiritual de Maria, que se estende a todos na
humanidade, que Jesus veio salvar.
O DOGMA – “Se
alguém não confessa, de acordo com os santos Padres, que a Santa e sempre
Virgem e Imaculada Maria é própria e verdadeiramente Mãe de Deus, como queira
que própria e verdadeiramente concebeu por obra do Espírito Santo, o mesmo Deus
Verbo que nasceu do Pai antes de todos os séculos, e que deu à luz sem
corrupção permanecendo sua virgindade indissolúvel depois do parto, seja
condenado”. (Sínodo Romano Lateranense,
sob Martinho 1-649)
O QUE DIZ A
SAGRADA ESCRITURA
(CAT 497-498) – É de notar a profecia de IS.7,14, traduzida literalmente do
hebraico:”Eis a jovem donzela (almah) concebe e dará a luz um filho, que ela
chamará Emanuel”. Os Evangelhos afirmam que Maria Virgem concebeu o Filho de Deus
sem a intervenção de semente humana; MT 1,18-20; Luc1,26-38. Em Luc.2,48 José é
dito “pai de Jesus” Lucas afirma (Luc.3,22) que Jose era o Pai aditivo de
Jesus. A Divina Providência quis que Maria fosse verdadeiramente casada com
José, homem justo, a fim de que seu lar tivesse a tutela que o homem pode e
deve dar à mãe e ao filho.
MARIA SEMPRE
VIRGEM- Em 649, o Concílio regional de Latrão
declarou: Maria, a santa Mãe de Deus e imaculada Virgem concebeu do Espírito
Santo do próprio Deus Verbo; deu a luz
sem perder a sua integridade, e também depois, antes do parto, no parto e
perpetuamente depois do parto.
O
aprofundamento da sua fé na maternidade virginal levou a Igreja a confessar a
virgindade real e perpétua de Maria, mesmo no parto do Filho de Deus feito
homem. Com efeito, o nascimento de Cristo “não lhe violou, mas sagrou a
integridade virginal” da sua mãe. A liturgia da Igreja celebra Maria como a
Aeiparthenos, “sempre virgem”.
A VIRGINDADE
NO PARTO
- Jo.1,12 “A todos os que o receberam,
deu o poder de se tornarem filhos de Deus, aos que crêem em seu nome, Ele (o
verbo) que não nasceu do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do
homem, mas nasceu de Deus.”
Luc.2,7
: Maria gerou seu filho primogênito, envolveu-o em panos e deitou-o no presépio”.
Estes dizeres insinuam a ausência das dores e da prostração que costumam
acompanhar todo parto. A Tradição afirma que Maria deu a luz sem dor,
intencionando assim professar a maternidade virginal de Maria. Lucas (2,23) aplica a Jesus o texto de Ex.13,212-115,
texto conforme o qual Cristo se dá “o filho que abre o seio materno”: esta é
uma expressão clássica da Lei de Moisés para designar o primeiro (ou também...o
único) filho. Tais palavras não tem em vista um fenômeno fisiológico, mas
apenas a posição jurídica do filho na família. Por conseguinte, a passagem de
Luc.2,23 não contradiz ao nascimento virginal de Jesus.
A
fé da Igreja se afirma em numerosos testemunhos – São Leão Magno Papa: “O Filho
de Deus concebido do Espírito Santo no seio da Virgem Maria, que O deu à luz,
conservando a sua virgindade (salva virginitate), como O concebeu conservando a
sua virgindade.”
-
São Gregório Magno Papa: “ O corpo do Senhor, após a ressurreição, entrou onde
se achavam os discípulos, passando por portas fechadas, esse mesmo corpo que,
ao nascer,saiu do seio fechado, manifestando-se aos olhos dos homens. Não é
para admirar que o Senhor, ressuscitado para viver eternamente, tenha
atravessado portas fechadas, visto que, para morrer, Ele veio a nós através do
seio fechado da Virgem”. O parto virginal é fato singular e transcendental, que
há de ser preservado com respeito e reverencia.
VIRGINDADE
APÓS O PARTO – O FILHO ÚNICO -
Mc.6,3; Mt.13,55; Mc.3,31-35; Mt.12,46-50; Lc.8,19-21;
Jo.2,12;7,21;At.1,14; Gl.1,19; 1Cor.9,5.
A Igreja sempre entendeu que essas passagens não designam outros filhos
da Virgem Maria: com efeito, Tiago e José, irmãos de Jesus (Mt.13,55), são os
filhos de uma Maria discípula de Cristo
que significativamente é designada como “a outra Maria” (Mt.28,1).
Trata-se de parentes próximos de Jesus, consoante uma expressão do Antigo
Testamento.
Jesus
é o Filho único de Maria. Mas a maternidade espiritual de Maria estende-se a
todos os homens que Ele veio salvar. “Ela engendrou seu Filho, do qual Deus fez
o primogênito entre uma multidão de irmãos (Rom.8,29), isto é entre os fieis,
em cujo nascimento e educação Ela coopera com amor materno.
Luc.2,41-52;
Le.2,43; Jo.19,26 Primos de Jesus: Mt.27,56; Ms15,40; Jo.19,25. O aramaico que
os judeus falavam no tempo de Jesus e que os evangelistas supõem, era língua
pobre de vocábulos. A palavra aramaica e hebraica “ah” podia significar não
somente os filhos dos mesmos genitores, mas também os primos e até parentes
mais distantes. Abraão disse a seu sobrinho Lote, filho do seu irmão: “Somos
irmãos” Gn.29,12-15; 31,23; 1Cor.23,21-23.
Lemos
em Mt.1,25: “ José não conheceu Maria (não teve relações com Maria) até que ela
desse a luz um filho (Jesus) “. Isso não significa que depois de ter dado a
luz, Maria tenha tido relações com José. A expressão “até que” corresponde ao
grego “heos hou” e ao hebraico “ad ki”. Esta partícula da escritura na
Escritura ocorre para designar apenas o que se deu (ou não se deu) no passado,
sem indicação do que havia de acontecer no futuro. Ainda hoje na vida cotidiana
recorremos a semelhante modo de falar, quando dizemos por exemplo: “Tal homem morreu antes de Ter realizado os
seus planos” Poderia alguém concluir
que, depois da morte, o defunto tenha executado os seus desígnios?
Por
fim, o termo primogênito não significa que Maria tenha tido outros filhos após
Ele. Em hebraico “bekor”, primogênito, podia designar “o bem-amado”
MISTÉRIO NO
SEU DESÍGNIO SALVÍFICO- Falar
da Virgindade de Maria significa entrar no mistério espiritual de sua relação
com Deus. Se a Virgem Maria teve uma relação verdadeiramente privilegiada com
Deus, todos os acontecimentos de sua vida foram marcados pelo extraordinário. A
Virgindade de Maria manifesta a iniciativa absoluta de Deus na Encarnação.
Assim é que no seu Evangelho, Mt.1,23 cita a profecia de Isaias 7,14: “Eis que
a Virgem conceberá e dará à luz um filho”. E Lc 1.35 confirma: ”O Espírito
Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te envolverá com a Sua sombra”. Eis
um extrato do texto promulgado pela Igreja no Concílio de Trento, que nos
convida a dobrar-nos diante das imensas obras do Criador.
“Se
a concepção do Salvador está acima de todas as leis da natureza, seu nascimento
não lhe é inferior. Seu nascimento é divino, o que é absolutamente prodigioso,
o que ultrapassa todo pensamento, toda palavra, é que Ele nasceu de sua Mãe sem
acarretar a perda da virgindade, do mesmo modo que, mais tarde, Ele saiu do
túmulo sem quebrar a rocha que o mantinha fechado, da mesma maneira que Ele
entrou na casa com as portas fechadas onde estavam os discípulos... Assim é a
Encarnação de Deus em Maria, sem intervenção do homem! Assim é a natividade de
Jesus, que preservou a integridade de Maria, do mesmo modo como, na
ressurreição, Cristo saiu do túmulo pelo único poder do seu Amor. O extraordinário torna-se possível, o sobrenatural torna-se
natural quando Deus intervém para realizar seu desejo de Salvação”. Da parte de Nossa Senhora, sua Maternidade Virginal é sinal de sua fé é da
sua doação total à vontade de Deus: pela fé Maria submeteu-se inteiramente ao
poder do altíssimo, e viu acontecer em sua vida o extraordinário, o impossível.
O
dom total de si, da sua pessoa, a serviço dos desígnios salvíficos do
Altíssimo. Assim é que João Paulo II escreve em sua Carta Encíclica
Redemptorís Mater, sobre a Virgem Maria
na vida da Igreja. “O consentimento que ela dá à maternidade é fruto sobretudo
da doação total a Deus na virgindade. Maria aceitou a eleição para ser Mãe do
Filho de Deus, guiada pelo amor esponsal, amor que consagra totalmente a Deus
uma pessoa humana. Em virtude desse amor, Maria desejava sempre em tudo doada a
Deus, vivendo na virgindade” Rom.39.Essa
atitude esponsal, de abertura total à pessoa de Cristo, a toda a sua obra e a
toda a sua missão, une em si, de maneira perfeita, o amor próprio da virgindade
e o amor característico da maternidade, num só amor. Ao mesmo tempo, Virgem e
Mãe, Maria é a forma mais perfeita da Igreja. Cat.507.
SALVE RAINHA...
ORAÇÃO DE NOSSA SENHORA DA
ANUNCIAÇÃO:
Todas as gerações, vos proclamem bem-aventurada, ó Maria/ Crestes na mensagem
divina e em vós se cumpriram grandes coisas, como vos fora anunciado. Maria eu
vos louvo/ Crestes na encarnação do Filho de Deus no vosso seio virginal e vos
tornastes Mãe de Deus. Que possamos comunicar a
nossa
vida a mensagem de Jesus que é o Caminho, a Verdade e a Vida da humanidade.
NOSSA SENHORA DA ANUNCIAÇÃO, ROGAI POR NÓS.